pequenos pensamentos em meio ao caos
quando tive várias ideias, mas nenhuma delas foi para o papel
nas últimas semanas, tenho sentido bloqueio para escrever qualquer coisa: de textos literários até atividades simples da faculdade. confesso que com a newsletter não foi muito diferente.
como minha amiga Madu disse, não muito tempo atrás, “até sei o que quero escrever; ideias nunca me faltam”, mas realmente toda vez que eu sentava a bunda na cadeira e encarava o branco do Word, as palavras não vinham. pelo menos, não da forma que eu queria.
e isso começou a me chatear porque eu tava (ainda estou) cheia de ideias. queria compartilhar aqui tantas coisas legais que li e aprendi ao longo do mês, porém não conseguia colocar no papel. fiquei frustrada, pensando que talvez a minha paixão pela escrita tivesse acabado, que talvez não fosse mais para mim.
então, assim como tudo o que faço quando estou com problemas na escrita, mandei mensagem para a Gabes e ela me disse: “escreve que não está conseguindo escrever, quem sabe você descobre o motivo disso estar acontecendo agora”.
pois bem.
a gente que trabalha com criatividade tá sempre se cobrando a fazer e a ser mais: inovador, criativo, produtivo. é algo que foi normalizado (principalmente durante a pandemia) e agora não sabemos muito bem como controlar ou parar.
eu tinha dado uma pausa em toda criação de conteúdo em dezembro do ano passado, logo após o relançamento de Meu clichê de Natal, porque fiquei seis meses focada na edição desse livro. foi um semestre tão cansativo, conciliando todas as mil coisas que faço, que decidi que precisava de um tempo.
e foi a melhor coisa que fiz.
fiquei várias semanas lendo livros por diversão, descobrindo músicas novas, saindo com minhas amizades, assistindo k-dramas e vendo edits de Fórmula 1 no TikTok enquanto a temporada de 2024 ainda não tinha começado. foi um mês e meio de puro ócio. o máximo que fiz foi escrever um capítulo da minha fanfic de Enraizados e ser leitora beta das histórias das minhas amigas.
só que, pensando agora, acho que esse tempo muito distante da escrita me travou um pouco.
sinto que foi um processo inverso a quando se está muito cansado e não consegue produzir nada. eu estava tão descansada que não sabia ao certo como retornar, quase como se eu tivesse esquecido como fazia isso.
para “piorar”, o semestre letivo voltou e comecei a ser bombardeada de informações novas, a relembrar conceitos, a ter um turbilhão de ideias a cada aula assistida, a cada texto lido.
o meu cérebro simplesmente pifou com essa mudança brusca de situação. fui da calmaria ao caos em poucos dias que, somado com a minha rotina dura de trabalho e estudos, me deixou travada. o lado “bom” disso foi ter, enfim, percebido que não perdi o jeito com a escrita. só tô numa fase atribulada.
eu ainda não descobri como posso organizar as ideias no papel e transformá-las em vários textos novos. vou precisar fazer testes, criar rascunhos e escrever coisas aleatórias que me vêm à cabeça até conseguir encontrar uma ordem que faça sentido.
o caminho pode ser longo, um pouco demorado, mas não tenho pressa. prefiro fazer com calma sabendo que entregarei algo com a qualidade que quero (e que você, como leitore, merece), do que apenas escrever qualquer coisa para cumprir tabela.
acho que o fato de eu ter terminado essa edição (e gostado dela) já é um indicativo de volta.
não sei se tenho alguma mensagem para passar com isso, mas é bom ter um espaço para compartilhar esse tipo de coisa quando acontece.
agora sim, as ideias
confesso que não quis esperar o fim do meu bloqueio criativo para compartilhar alguns dos pequenos pensamentos que tive ao longo deste mês.
você provavelmente vai me ouvir falar mais sobre essas ideias em algum momento, seja aqui ou no Instagram. enquanto o momento não chega, espero que algo aqui também te desperte reflexões ou curiosidade.
o acender e apagar das luzes
neste mês, junto com alguns amigos, fiz uma visita ao Instituto Inhotim — museu de arte contemporânea ao ar livre e jardim botânico. é um lugar lindo, cheio de paisagens inspiradoras, muita natureza e animais silvestres. as exposições se dividem em locais fechados ou abertos (inclusive, algumas fotos que estão na edição de hoje foram tiradas lá).
recentemente, enquanto rolava a galeria de fotos do meu celular, me deparei com algumas que fiz da obra imersiva Aftermath of Obliteration of Eternity (2009), de Yayoi Kusama. nela, a gente entra numa sala escura — que possui espelhos em suas paredes e um laguinho no piso para dar reflexo — e observa luzes se acendendo por um minuto inteiro. sei que o tempo parece pouco, mas quando se está lá dentro é como se fosse uma eternidade pela magia que o efeito luminoso nos proporciona.
ao rever as fotos e escrever essa edição, encontrei certa semelhança entre a sala escura de Kusama e o meu momento de bloqueio criativo: o ócio das férias eram similares ao breu presente ao entrar na sala. um silêncio incômodo se seguiu antes das luzes piscarem com intensidade; como as inúmeras ideias que tive, elas vieram tão rápido quanto foram embora, e se apagaram. por fim, a escuridão de novo, representando o meu bloqueio criativo.
sei lá, parece muita viagem minha, mas quando paro e penso, faz certo sentido. o que você acha?
tipografia is my new passion
o semestre letivo começou por aqui (acho que já comentei antes, mas finge que não) e to com a grade lotada. o que me deixa feliz é que tenho umas disciplinas práticas para amenizar as teóricas, e todas são muito boas.
dentre elas, tem a oficina de edição que fala sobre tipografia e memória gráfica. as aulas acontecem no Centro Cultural da UFMG — espaço que abriga exposições e pesquisas artísticas —, em uma sala repleta de materiais e instrumentos para criação e impressão textual.
as máquinas antigas, as gavetas, os tipos, os varais, a prensa e todos os outros itens presentes na sala parecem ter saído de um filme de época. tem sido muito legal conhecer essa parte da história do processo editorial e poder aprender mais com ele.
nossa primeira atividade foi compor um texto com o maquinário manual, tivemos que montar uma chapa com os tipos (que são os moldes das letras) e fazer a prova impressa. apesar do enorme quebra-cabeça, foi bem divertido de construir.
prometo compartilhar o resultado final em breve.
finalmente, a criação de textos literários
ainda sobre o semestre, comentei no Instagram que estou fazendo a disciplina obrigatória de criação e edição de textos literários, talvez a mais cobiçada pelos estudantes de letras.
o objetivo é pensar nas várias maneiras de se criar um texto literário e a professora passou a primeira atividade para exercitar a criatividade.

a turma fez um prompt de escrita básico e tivemos que escrever a história em um estilo diferente, por exemplo: eu, que tava meio travada na escrita, decidi jogar no confortável e fazer o texto no formato de uma decisão judicial — porque sou formada em direito e já li muita sentença na minha vida.
talvez compartilhe o meu texto depois, quem sabe.
obrigada por ler até aqui
espero que tenha gostado dessa edição e das ideias que trouxe com ela. se sim, me conte nos comentários ou pelo e-mail mesmo, vou adorar saber. e compartilhe com outras pessoas para ajudar a divulgar o meu trabalho.
nos vemos novamente em breve, na próxima curadolices (que sai ainda nesta semana).
até mais, maravilhouser ✨
amg, é incrível o quanto as suas news conversam comigo. eu tbm meio que passei por um período de instabilidade na escrita (hj decidi abandonar a história que estava escrevendo). escrever à mão se mostrou algo que não me agradou tanto quanto eu gostaria, então decidi voltar para o computador. mas é igual vc falou: faz parte. tentativas são importantes pra gente ir descobrindo e aprendeno no caminho. torcendo aqui para o próximo mês ser de mais escrita pra vc ^^